O dólar é o meio de troca para transações comerciais entre nações, e a tensão que permeia o noticiário de câmbio se concentra no efeito que a moeda exerce sobre a rotina dos brasileiros.
Não apenas as empresas e agentes econômicos são afetados, mas também o consumidor. Nesta terça-feira (17), o dólar atingiu o patamar de R$ 6,20, mas, ao término do dia, alcançou o recorde de R$ 6,0982.
Os economistas consultados pela CNN enfatizam que o impacto financeiro pode levar de 6 a 9 meses, ou até um ano, para chegar ao bolso do consumidor. "Não afeta diretamente a vida do cidadão."
A pressão da taxa de câmbio afeta os preços das commodities, o que eventualmente se reflete no preço final ao consumidor. No entanto, esse efeito é de defasagem, não imediato, conforme explica Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.
No entanto, quando o impacto se manifestar, não será ignorado, especialmente em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - a inflação oficial do país.
"Se observarmos o IPCA, onde o dólar está presente no nosso cotidiano, encontramos principalmente na farinha de pão, soja, milho e combustível", ressalta Álvaro Marangoni, country manager dos Estados Unidos na Warren.
Ao examinar detalhadamente o IPCA, Marangoni ressalta a importância dos grupos de alimentação e bebidas (21% em novembro) e transportes (20%) para a inflação global. E a lógica é simples: quanto mais tempo o dólar se valorizar, maior será a transferência da desvalorização cambial para esses produtos.
São dois componentes do IPCA que representam 42% da inflação, diretamente afetados pelo câmbio. "Há dólar em tudo o que consumimos, bebemos e carregamos no Brasil, além de outros produtos", conclui.
O dólar é adotado como referência para transações comerciais devido a normas internacionais estabelecidas em 1944 por representantes de várias economias globais. Esses acordos definiram os alicerces do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).